sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Atlascar: o automóvel português que fala e dispensa condutor


A equipa da UA, em Abril de 2011.
A equipa da UA, em Abril de 2011.


Quem não se lembra de «O Justiceiro», série televisiva dos anos 80, onde o protagonista (David Hasselhoff) conduzia um automóvel de avançada tecnologia? A máquina KITT (Knight Industries Two Thousand) falava, dispensava condutor e conseguia manobrar de forma autónoma. A visão futurista da época pode ter chegado ao "nosso presente", em 2011, com o «Atlascar», um projecto resultante do trabalho de investigação do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Aveiro (UA).

Numa iniciativa integrada no programa «Ciência Underground», da Semana Aberta da Ciência e Tecnologia, as tecnologias emergentes, instaladas a bordo do veículo sem condutor, serão apresentadas amanhã, pelas 14h30, no parque subterrâneo em frente ao edifício da reitoria da instituição.
O interesse desta equipa da sub-região do Baixo Vouga começou com robótica autónoma há já alguns anos, ainda quando desenvolviam o projecto Atlas – com participação activa em competições e festivais de robôs –, no qual foram aplicadas algumas tecnologias em autómatos de pequeno porte.

“na prova «Condução Autónoma», do Festival Nacional de Robótica – na qual já somos campeões há seis anos consecutivos –, ganhámos alguma experiência nesse âmbito, mas pensamos que seria interessante aplicá-la ao dia-a-dia das pessoas, com veículos mais seguros e condução assistida”, segundo ressalvou, ao «Ciência Hoje», Vítor Santos, coordenador da investigação.

Foi há uns dois anos que a equipa de Aveiro decidiu transformar um carro normal numa máquina que fala e envia alertas, tendo-o apetrechado de “sensores e actuadores” – que permitem ao automóvel "detectar o ambiente envolvente", como obstáculos, pessoas em movimento ou o tipo de estrada. “O GPA indica-nos a rota, mas não nos assinala obstáculos e se existe risco de colisão, por exemplo".

Agora, imaginemos "uma espécie de co-piloto, instalado a bordo, que nos vai avisando se saímos da estrada, entre outras coisas”, continuou. No entanto, sistemas identificadores de uma colisão iminente não são totalmente inéditos na industrial automóvel, embora sejam instalados de forma restrita. Por isso, a equipa de Vítor Santos quis ir mais longe e o Atlascar foi equipado com tecnologia que actua de forma autónoma, caso a pessoa que estiver no seu interior não agir perante determinadas situações, não respeitar o código ou não travar.  permitindo ainda a condução mista.

A UA fará uma apresentação do único veículo, em Portugal, mostrando aptidões que permitem a condução autónoma, através da exibição dos diversos sistemas de percepção baseado em laser, visão artificial e outros sensores que põem em evidência capacidades de detecção e seguimento visual de peões.

Durante a demonstração, o automóvel será operado remotamente por uma pessoa que se encontrará no exterior e, também, uma outra em condução partilhada entre um condutor e os computadores internos do sistema. Haverá ainda uma apresentação que se baseará na detecção e seguimento autónomo de um peão a uma distância de segurança para ilustrar as capacidades de detecção e condução autónoma.

Ainda não passa de um protótipo
O Atlascar goza de condução autónoma.
O Atlascar goza de condução autónoma.
O Atlascar ainda não irá conduzir em ambientes urbanos de forma autónoma em breve; apenas dará assistência à condução. A máquina tem múltiplas funcionalidades, no entanto, não passa de um protótipo por enquanto, porque não só “é ilegal” deixar um automóvel a vaguear sozinho na estrada sem condutor, como ainda “é um projecto que depende de viabilidade industrial, devido à falta de investimentos num ou em várias frentes”, assinalou o docente.

A grande novidade deste veículo é o facto de este “permitir a condução mista, ou seja, pode ser conduzido por alguém ou ser assegurado na sua totalidade pelos computadores instalados a bordo, caso no interior esteja alguém com deficiências a nível de mobilidade”.

O robô da UA não só tem a capacidade de seguir peões na estrada, como também consegue prever os seus movimentos e diz-lhes mesmo onde é que se devem colocar, "não tendo ninguém ao volante ou a carregar nos pedais”.

Está adaptado para estudos avançados na assistência ao condutor e com capacidade de executar manobras de condução autónoma. Para o efeito, foram instalados a bordo sensores, computadores e actuadores que permitem fazer investigação e desenvolvimento na condução assistida, quer do ponto de vista da percepção, quer no comando do próprio veículo.

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